quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

corpo testemunha

Meu corpo é testemunha do suor que habito
Do cheiro ácido e por vezes  doce que tenho nas minhas narinas, nas minhas papilas 
Dos arrepios que circulam verticales, pés à cabeça , 
Cabeça à planta-pés
E graças à terra redonda 
Testemunho meus igarapés 
Com este lago de escritores lindos e loucos, 
Fonte que jorra , cheia de jacarés veganos 
Flamingos com papo cheio de comida
Andorinhas gritando em sobrevoo alto 
Percorrendo o planeta e fofocando diversas escrituras 
Ai ai ai ai, 
Quero pegar carona Andorinha pequenina 
Quero ir na surdina 
Nem que seja na sua cola ,
Naquela esquina 
Juro que não peso, me faço vento e desmaterializo .

sexta-feira, 21 de janeiro de 2022

palavra de Barro

 

Encontrar-se com o material

Relacionar-se com sua forma

Umidade, resistência, deformação

Receber orientações da asa da mestra

Seguir o fluxo da mão que mostra

O caminho das indicações recebidas

Obedecer ao material

Escutar seus segredos

Escutar o silêncio das transformações

Reconhecer o surgimento dos úteis

Dos Seres, dos movimentos

Arte manual da narração

Aquela história que não tem vozes

Nem oradores ou escutadores

Uma história de tatos

Estatosferas

Estatoformas

Estatotornas

Viemos do barro,

Pó que misturado à água

Atingido pelo raio tempestuoso

Tomou forma e fluxo

Fez-se movimento

quinta-feira, 20 de janeiro de 2022

almejas al diente

El mundo nos esconde,
Donde somos almejas 
Encaparazonadas, llenas de muzgos,
Pero alguien nos descubre, 
Nos saca de la piedra en que estábamos pegados a la costa-mar, 
Olas repartiendo sus espumas, 
Y nos abre, nos destaca de la concha, 
Nos cocina en buena olla al fuego ardiente, 
Y nos come con sabor al diente