terça-feira, 19 de novembro de 2013

Genética ou Contingência Histórica ?

Recentemente vi uma charge na folha de são paulo, que me fez hilariar. O psicanalista pergunta ao paciente, no divã, como estavam seus parentes que sofriam de enfermidades mentais. Este, respondeu espontaneamente : Eles estão desfrutando-as bem, sabe...


Enfermidades são curiosas, pois parecem ser entidades que nos assaltam, como se fôssemos meros coadjuvantes das mesmas. E os médicos - os salvadores da pátria, prontos para receitar soluções, no corpo/alma invadida pelos maléficos colonizadores (virus, bactérias, genes anômalos, etc, etc, etc...

Sem falar da industria que os alimenta e é representada pelos docs. Deveras estranho tudo isto, mas...há algo de errado nesta velha ordem mundial, como canta o Caetano. O pior mesmo, é que estas enfermidades são usualmente identificadas com origem genética, quase que automática ou genericamente, sem critério nenhum, ou pelo menos algum.

Não sou contra a ciencia genética ou os descobrimentos incríveis destas áreas da ciencia, que vem salvando muitas pessoas ao redor do mundo. Refiro-me somente às relações simplórias de causa e efeito entre as enfermidades e a genética, principalmente quando o contexto da saúde mental está em jogo... aliás o que é mesmo mental ? 

Somos contingentes históricos de nossos mundos internos e nossas circunstâncias (lembro-me de minha última conversa com Teresa Otondo, que mencionou Ortega y Gasset. Somos partícipes de nossos condicionamentos mais arraigados, que nos levam a hábitos e vícios, a constituir uma caracterização dita personal(idade), e assim cremos que somos isto. 

Por vezes, quando despertamos a observar nossa própria hipocrisia (falta de crítica -principalmente perceptiva - de nós mesmos e nossas circunstâncias imediatas) ocorrem rondas virtuosas que nos elevam. Além das personas constituídas, ou instituídas. Ob Observando hipócritas, incluíndo o observador. Há algo além disso ? 


Até o próximo vôo.