domingo, 3 de setembro de 2017

Janelas infinitas

11/04/94

Aqui consinto meu torpor frente a esta máquina
devoro uma a uma,
suas telas, suas janelas,
e cada vez que vejo menos
quero outra, e mais outra

Algo me diz: Para!
só mais um pouco não faz mal,
só mais um muito não faz bem
e eu quero moribundo,
eu quero ficar só

Só na solidão do merecer
algum pão murcho
que ainda possa molhar e mastigar
no leite
na sopa
no peito
n'algum lugar

Começo a tarefa designada
e encontro o primeiro obstáculo
me detenho, olho em volta e vejo muito pouco
me submeto, paro de pensar e não desejo
a não ser aquilo que está à minha frente

Como saber aquilo que está disponível`?
como merecer o espaço imediato
o tempo defronte
a mosca que pousa na pele
e avisa, aqui há atenção !

me sinto um carrasco de minha forma
sem saber qual é o conteúdo
sem saber qual é a minha sina
sem saber qual meu passado

ao saber que tudo está contido Nele